Insanidade Construtiva

 Sempre fui o objeto, mas nunca o objetivo

 Conversa fatídica Conversa vazia Que me compreende ao falar Que me entende ao usar

Foi um parto, nascer

 Abri minha mente, joguei o que tinha no chão e comecei a montar

 

Ela nunca foi muito de cinema cult, mas achou que estava na idade de gostar dessas coisas. Então se arrumou rapidamente e foi para o liberty mall o qual as sessões davam poucas pessoas por ser filmes estrangeiros e mais sofisticado. A mulher chega no início do filme, já passara os traillers, senta-se em uma cadeira qualquer e morre de tédio: nunca gostou de legendados, tem preguiça de ler, e aquela língua... qual seria a nacionalidade do filme? Nem para ser inglês, para poder entender algumas coisas.  Quem foi que a convenceu de que obras cinematográficas cults eram boas? De certo alguém também cult, nada a ver com ela!!! Então decide dar uma pausa e compra pipoca e coca cola, volta ao seu banco e fica entretida comendo, sem prestar atenção. Acaba e tenta a se concentrar novamente no longa-metragem e se entendia de novo. Até que sente a necessidade de ir à toalete, fica animada com a ideia de sair de novo, não há fila, mas ela resolve esperar, nem teve vontade de verificar se o...

 Minha glicemia parece batimento cardiaco: alta, baixa, constante, alta, baixa, constante... Mas diferente do batimento cardiaco, que o saudável é esse padrão, com esse mesmo padrão pra glicemia eu fico descompensada e posso ter problemas futuros Para a glicemia seria melhor a constante todo o sempre, como uma parada cardíaca, mas desse jeito iria viver melhor

 A sua respiração não me deixa dormir: é pesada, densa, ofegante, parece uma crise de ansiedade, mas não é: é sua respiração normal! Porque não respira normalmente? Vc suspira fundo, como alguém que estar chorando desconsoladamente, mas vc não chora, só suspira fundo. Porque é tão difícil pra vc respirar? Porque tem que ser como se estivesse prestes a morrer? O que te atrapalha? A falta de septo destruído por anos? Ou o ar que entra pesado, como se fizesse esforço para adentrar? Vc deveria morrer de apneia, mas ainda não chegou a hora enquanto isso vc sofre a cada inspiração e expiração pois faz um esforço enorme pra respirar de forma silenciosa.

 Eu queria ser cientista, meu sonho desde a infância, treinei-me a vida toda pra isso e repudiava ser professora porque não queria lidar com bullying, alunos bagunceiros... enfim pessoas, mas o destino me fez entrar em contradição: descobri a paixão de ensinar e a monotonia dos laboratórios. Agora, o grande problema é que tenho que quebrar todos os antigos conceitos que me impediam de atuar como professora e tá sendo bem difícil quebrar esse muro de concreto que pus entre eu e a docência, tijolo por tijolo arranco dogmas estabelecidos por mim como impedimento de atuar na área e acho que esse processo tá sendo lento e doloroso, será que estarei muito velha quando finalmente o último tijolo cair? Será que ainda dá tempo de construir uma carreira?

 Vou comer cacos de vidro para rasgar minhas entranhas e delas sair o odor de putrefação

 Assim? De graça? Como posso confiar em alguém sem saber se é digno? Não sei nada sobre você, como confiar desse jeito? O que você me oferece em troca: Segurança? Lealdade? Profundidade? Ou em troca oferece-me traição, superficialidade, mentiras? E o que fazer se for a segunda opção? Prefiro não me arriscar. Prefiro ir te conhecendo aos poucos e vê, com o tempo, se você se mostra merecedor de minha confiança. Se o tempo é um problema, então, de novo, prefiro não me arriscar.

 Deixo meu texto de molho para absorver todas as ideias fluidas. Depois eu esfrego bem pra tirar os sufixos e prefixos. Posteriormente eu torço o texto para ver se não têm nenhum pontos e vírgulas pendurados, então eu estendo nas entrelinhas e deixo secar

Melhor vicia-se em Coca-Cola do que coca-ína

A ferida morta sobrevive enquanto a pessoa ferida se dissolve

Só de eu não usar drogas e exagerar na bebida, por tudo que eu passei, minha fuga não são drogas misturados com remédios controlados. Tenho ergofobia que não me deixa ser independente de quem me abusa, isso é fato. Mas eu tento, tento dar aula, nem que seja reforço. Tento escrevendo livros... O que quero dizer é que podia ser pior: eu podia ter ergofobia e me esconder atrás das drogas, roubar e me prostituir para supri o vício. Vivo sentada no sofá da casa dos meus pais mas vivo pensando no que posso fazer e como posso fazer pra sair dessa, não é a melhor opção mas poderia ser pior.

As vezes vem de uma vez, forte, faz um estrondo As vezes vem picado, vários espirros seguidos, várias frases picada que acabo juntando num texto  As vezes vem um espirro interrompido, com muita intensidade mas inacabado As vezes o espirro quer sair mas não vem, fico olhando pra luz pra ver se estimula, fico olhando o papel pra ver se sai mas só sinto aquela sensação de quase espirro, quase texto, isso incomoda e é a pior sensação!!!

Pedaços de mim caem no azulejo, sujando-o e colorindo-o de pontinhos pretos

Vejo meninos no parque brincando de pipa, me arranca um sorriso e só o que penso é na linha com cerol degolando meu pescoço

Vc me sufoca, eu tento fugir mas não consigo, estou amarrada a vc por um cordão, umbilical, quase tento suicídio com ele mas não tenho coragem, essa vinculação já estar me matando aos poucos, perco meu brilho e só vegeto na cama esperando a morte me levar pois não consigo mais ser tão dependente assim de você, é sufocante, me faz mal mas não consigo sair desse lugar.

Extremamente Saliente Como se sente O ventre Dessa gente Impotente

Se Deus existe, ele me abandonou no parto pra morrer. Não sei porque sobrevivi - e, mesmo assim, não vivo, só sobrevivo - não foi obra de Deus pois me educando estava uma mulher que me odiava, nunca me amou: o próprio demônio que me ensinou a odiar, a não acreditar em mim mesma e a não acreditar na bondade do mundo

Ela nasceu com um excesso de sensualidade. Era uma beleza tão única que os deuses, enciumados, lhe amaldiçoaram para ser objetificada e sempre temer a vida. Como uma presa que sempre escapa apavorada do predador

Usamos uma muleta quando nossa perna está machucada e não conseguimos andar sozinhos. Assim é a psicoterapia, precisamos desse apoio pois estamos emocionalmente machucados e não conseguimos ficar de pé sozinhos. A muleta ajuda a não cair e machucar ainda mais, bem como a terapia, servindo pra nos dar uma base pra não nos abater pois se desmoronarmos sem muleta será mais difícil pra levantar neste estado emocional vulnerável. Até podermos nos recuperarmos totalmente e não precisar das muletas terapêuticas. Mas ainda há pessoas que já são emocionalmente debilitadas, tendo uma certa deficiência que faz com que use muletas para o resto da vida e tudo bem: melhor com uma muleta que te dá suporte pra viver dignamente do que não aceitar sua deficiência e viver mal, não conseguir sair do mesmo lugar se fechando em si mesmo.

Ei estranho de uma época longínqua, você me marcou, lembro de vc como se fosse hoje, vc não era como os outros caras: babacas machista que só porque eu estava com roupa de academia queria que uns estranhos mexessem comigo.  Só por eu estar com uma calça de Lycra e top podiam baixar o nível da conversa e nem se importa com o tamanho constrangimento e culpa por me vestir daquela forma. Eu só tinha 12 anos - muito das coisas que ouvi eram inapropriado para uma garota da minha idade -, mas você, você me defendeu e eu nunca esquecerei que você pensou e falou o apropriado: estava arrumada pra uma atividade física. Então a culpa não era minha de passar uma informação errada com aquela roupa! Todos os outros caras foram babacas, machistas e até pedófilos. Mas vc não, numa época em que nem se falava de feminismo vc me defendeu com o óbvio - sim o óbvio precisava ser dito pois parecia que ninguém o enxergava - mas vc enxergou e não só enxergou como falou, expôs pra que outros não fossem ...

Meu corpo foi violado desde muito cedo. Os homens me caçavam feito presa. Só mais um pedaço de carne a ser subjugada, não importava minha opinião, se eu era a favor ou não. Era só mais um objeto, ou um objetivo a se conquistar. Sem vontade, sem voz ativa, só passiva. E na passividade de ser objetificada, uma boneca: pra uns de porcelana e infantil, pra outros, os predadores, uma boneca inflável feita somente para seu prazer. E o meu? Ninguém se importa, nem mesmo se eu estava madura para tal. Agressividade ao caçar, deixando só os restos para juntar, junto com a culpa, o constrangimento e a carcaça, que é bela porém vazia

Você tenta apagar a si mesma de duas formas: Ou apaga a sua memória, apagando quem você é por um breve momento, descansando, assim, um pouco da vida corrida que tem Ou se apaga no quesito morte mesmo, aí o descanso será eterno

Eu não vivo só existo

Você me trata muito mal! Na sua voz percebo a raiva, ou mesmo, um ódio por está falando comigo: áspera, agressiva sem necessidade - mesmo quando é só pra dar uma informação - te irrito por existir!  Diferente do meu irmão que até brigando você é mais doce, tenra. Pra ele, você tem satisfação em fazer algo. Pra ele, todo amor dessa vida, pra mim, ficam as migalhas - quando não o ódio - pois sou tudo aquilo que você queria um dia esquecer, só de eu existir te lembro como você fracassou como mãe e isso é inaceitável uma vez que é perfeita em tudo que faz e diz, nunca está errada. O erro está sempre em mim, em simplesmente existir...

Tenho ergofobia ou fobia de trabalhar. Não sei ao certo da onde vem, mas uma das minhas  suposições é que o estágio de 2010 influenciou muito já que meus pais colocavam empecilhos ao invés de me apoiar:  Meu pai não dava carona no início, mesmo o meu estágio sendo próximo do trabalho dele. E mesmo depois, quando dava, não me avisava sobre revisão no carro, me deixando a mercê de sua "boa vontade" e me fazendo atrasar, nem ao menos pra me avisar com antecedência! Entrava esbravejando no meu ambiente de trabalho por passar do horário comercial sendo que eu não tinha terminado o serviço. Saía toda a família - até um tio querido de Fortaleza - num horário em que eu não podia por conta do estágio, meus pais sabiam e nem levaram em consideração a minha vontade de participar... enfim, simplesmente desvalorizavam e depreciavam o meu trabalho, esforço e dedicação.  E logo meu esforço, que era maior por estar com depressão, por estar em um ambiente de trabalho imaturo, por cont...

tem gente que não aguenta a verdade e se tornam cruéis só para continuar tendo razão

Estou chateada, como sempre, com as críticas dos meus pais por causa das minhas escolhas. Estava tão feliz em conseguir um desconto, orgulhosa por fazer um bom negócio!!! Estava com uma sensação boa, mas foi arrancada de mim pelos meus progenitores e então eu fiquei amarga, remoendo por dentro todas as críticas. Apesar de que houve mudanças dessa vez: minha mãe concordou comigo e meu pai até elogiou antes de criticar! É algo bom? É, mas porque sempre precisam criticar minhas escolhas? Tento me apegar nas migalhas de um suposto elogio, afinal ao menos eles tiveram alguns lapsos de segundos do meu lado, né? Teve uma época em que eu era totalmente errada em tudo que fazia e isso talvez seja o máximo que posso conseguir deles, eu acho....  Tentar ver o lado bom né?... Mas porque não me parece tão bom assim? Hunf, eu merecia uns pais melhores!

Restos de mim espalhado pela casa, sangue em todos os lugares, fragmentos minúsculos, ninguém suspeita que, por dentro, tenho buracos de automutilações que me acalma quando cutuco, que me dá prazer ao me machucar, ao deixar pedaços de sangue pela casa e nunca acaba: amanhã terei de novo que "limpar" com automutilações e tirar o sangue desse buraco, pra eu poder respirar aliviada

Salvando aqui como era meu braço, todo mutilado, pois vou cobrir com tatuagem

E se vc tiver um vínculo com umas pessoas maior do que seu amor próprio? Que te prenda aos seus abusadores?

Viver é foda, morrer é difícil Renato Russo

Morrer dá muito trabalho Hoje tô cansada até para um banho quem dirá pra morrer!!! E assim vou vivendo uma vida mediocre

Pior abuso pois a linha tênue do que é aceitável numa relação é muito frágil Você percebe que aquela atitude não é correta, mas também não consegue expressar o que exatamente tá errado

É muita loucura torcer pra pegar corona vírus e morrer? Será que só eu desejo isso? ...

Como borderline, eu não tenho uma "pele sentimental" que me proteja do contato com o mundo. É como se eu estivesse sempre na carne viva, isso me faz ser bem mais sensível do que a maioria das pessoas. Por isso, por muito tempo, usei armadura e escudo para me proteger do mundo, mas eu cresci e a armadura começou a me machucar ao invés de me proteger. Despi-me dela e fiquei de novo vulnerável ao mundo e não sei se tenho forças pra lutar, hoje preciso me esconder atrás de uma máscara assim serei livre pra ser quem eu realmente sou por inteira.

Meus textos são pequenos fragmentos de pensamentos Meus textos são fragmentos da realidade Meus textos são fragmentos de uma vida Meus textos são fragmentados

Você foi a primeira a invadir minha mente, infectando-a com palavras sombrias, sinistras, fúnebre, lugubre, nefasto, tenebroso... Com você, abri as portas para esse tipo de pensamento... De escrita... De temática!!! Com vc me abri pra escuridão, a sombra da minha alma

 De acordo com "animais fantásticos e onde habitam", filme da autora J. K. Rowling, de 2016, obscuros é um mostro criado a partir das emoções reprimidas de um bruxo onde a família nega seu dom. O meu obscuro é meu livro, lá eu escrevo de forma subjetiva e libero meu inconsciente pra ele se expressar, mas, mesmo assim, fica contido em palavras. Pra ficar mais concreto preciso objetivar meu inconsciente e transformá-lo num livro. Com isso, os sentimentos reprimidos pela minha família são libertados e tomam formas e fobias, abri a caixa de Pandora e meu obscuro saiu violentamente e desgovernadamente, não sei o que meu inconsciente irá fazer com tanta liberdade, ofego de ansiedade só de pensar nas possibilidades que são inúmeras e me tiram o controle da situação. Sinto uma fobia nova nascer com toda essa liberdade, mas não quero alimentá-la falando dela, só espero que seja efêmera, tênue... que seja pequena e breve

Depois de uma briga matinal ir pra reunião de família... Muito amor

Vc transformou minha tristeza em raiva E eu não soube me expressar, só explodir

Parece uma eternidade essa espera, os minutos parecem horas e os dias, semanas. Olho pro relógio de segundo em segundo como se isso fizesse o tempo passar mais rápido. Minhas pernas inquietas, balançam a cada tique taque do relógio e isso ameniza a ansiedade, mas não sei por quanto tempo irei aguentar, pareço uma bomba relógio preste a explodir, elétrica, adrenalizada. Talvez o remédio me contivesse, mas não estou com ele aqui perto!!! Só me resta esperar essa lentidão passar.

escrevo desde pequena, pra mim a escrita é como uma terapia, colocando pra fora o que me incomoda além de organizar a mente descrevendo o que sinto

- Tem gente falando que gosta do que escrevo, que se emociona e acha gostoso ler... O que é isso? - Isso é reconhecimento. - ...nunca tive, não sei nem como reagir... É esquisito, quase como se eu rejeitasse algo tão bom... -  É difícil aceitar. - Parece que não me pertence. - Mas pertence, e muito!!!

Texto de ano novo ⬇️⬇️⬇️⬇️⬇️⬇️⬇️ Siga No  Instagram

Toda vez que eu ia tentar algo novo minha mãe dizia: "mas você não tem medo?". Por anos a fio escutei essa indagação até que um dia eu realmente acreditei e tive medo: medo de tentar, medo de ser alguém, medo de viver.. até que a própria vida perdeu seu brilho e se tornou uma monotonia contínua, só esperando morrer