Insanidade Construtiva

Ei estranho de uma época longínqua, você me marcou, lembro de vc como se fosse hoje, vc não era como os outros caras: babacas machista que só porque eu estava com roupa de academia queria que uns estranhos mexessem comigo.  Só por eu estar com uma calça de Lycra e top podiam baixar o nível da conversa e nem se importa com o tamanho constrangimento e culpa por me vestir daquela forma. Eu só tinha 12 anos - muito das coisas que ouvi eram inapropriado para uma garota da minha idade -, mas você, você me defendeu e eu nunca esquecerei que você pensou e falou o apropriado: estava arrumada pra uma atividade física. Então a culpa não era minha de passar uma informação errada com aquela roupa! Todos os outros caras foram babacas, machistas e até pedófilos. Mas vc não, numa época em que nem se falava de feminismo vc me defendeu com o óbvio - sim o óbvio precisava ser dito pois parecia que ninguém o enxergava - mas vc enxergou e não só enxergou como falou, expôs pra que outros não fossem ...

Meu corpo foi violado desde muito cedo. Os homens me caçavam feito presa. Só mais um pedaço de carne a ser subjugada, não importava minha opinião, se eu era a favor ou não. Era só mais um objeto, ou um objetivo a se conquistar. Sem vontade, sem voz ativa, só passiva. E na passividade de ser objetificada, uma boneca: pra uns de porcelana e infantil, pra outros, os predadores, uma boneca inflável feita somente para seu prazer. E o meu? Ninguém se importa, nem mesmo se eu estava madura para tal. Agressividade ao caçar, deixando só os restos para juntar, junto com a culpa, o constrangimento e a carcaça, que é bela porém vazia

Você tenta apagar a si mesma de duas formas: Ou apaga a sua memória, apagando quem você é por um breve momento, descansando, assim, um pouco da vida corrida que tem Ou se apaga no quesito morte mesmo, aí o descanso será eterno

Eu não vivo só existo

Você me trata muito mal! Na sua voz percebo a raiva, ou mesmo, um ódio por está falando comigo: áspera, agressiva sem necessidade - mesmo quando é só pra dar uma informação - te irrito por existir!  Diferente do meu irmão que até brigando você é mais doce, tenra. Pra ele, você tem satisfação em fazer algo. Pra ele, todo amor dessa vida, pra mim, ficam as migalhas - quando não o ódio - pois sou tudo aquilo que você queria um dia esquecer, só de eu existir te lembro como você fracassou como mãe e isso é inaceitável uma vez que é perfeita em tudo que faz e diz, nunca está errada. O erro está sempre em mim, em simplesmente existir...

Tenho ergofobia ou fobia de trabalhar. Não sei ao certo da onde vem, mas uma das minhas  suposições é que o estágio de 2010 influenciou muito já que meus pais colocavam empecilhos ao invés de me apoiar:  Meu pai não dava carona no início, mesmo o meu estágio sendo próximo do trabalho dele. E mesmo depois, quando dava, não me avisava sobre revisão no carro, me deixando a mercê de sua "boa vontade" e me fazendo atrasar, nem ao menos pra me avisar com antecedência! Entrava esbravejando no meu ambiente de trabalho por passar do horário comercial sendo que eu não tinha terminado o serviço. Saía toda a família - até um tio querido de Fortaleza - num horário em que eu não podia por conta do estágio, meus pais sabiam e nem levaram em consideração a minha vontade de participar... enfim, simplesmente desvalorizavam e depreciavam o meu trabalho, esforço e dedicação.  E logo meu esforço, que era maior por estar com depressão, por estar em um ambiente de trabalho imaturo, por cont...

tem gente que não aguenta a verdade e se tornam cruéis só para continuar tendo razão

Estou chateada, como sempre, com as críticas dos meus pais por causa das minhas escolhas. Estava tão feliz em conseguir um desconto, orgulhosa por fazer um bom negócio!!! Estava com uma sensação boa, mas foi arrancada de mim pelos meus progenitores e então eu fiquei amarga, remoendo por dentro todas as críticas. Apesar de que houve mudanças dessa vez: minha mãe concordou comigo e meu pai até elogiou antes de criticar! É algo bom? É, mas porque sempre precisam criticar minhas escolhas? Tento me apegar nas migalhas de um suposto elogio, afinal ao menos eles tiveram alguns lapsos de segundos do meu lado, né? Teve uma época em que eu era totalmente errada em tudo que fazia e isso talvez seja o máximo que posso conseguir deles, eu acho....  Tentar ver o lado bom né?... Mas porque não me parece tão bom assim? Hunf, eu merecia uns pais melhores!

Restos de mim espalhado pela casa, sangue em todos os lugares, fragmentos minúsculos, ninguém suspeita que, por dentro, tenho buracos de automutilações que me acalma quando cutuco, que me dá prazer ao me machucar, ao deixar pedaços de sangue pela casa e nunca acaba: amanhã terei de novo que "limpar" com automutilações e tirar o sangue desse buraco, pra eu poder respirar aliviada

Salvando aqui como era meu braço, todo mutilado, pois vou cobrir com tatuagem

E se vc tiver um vínculo com umas pessoas maior do que seu amor próprio? Que te prenda aos seus abusadores?