Insanidade Construtiva

 O tempo aparenta não passar, cada segundo parece um alarme de uma bomba preste a estourar e eu fico na adrenalina só esperando o momento. A cabeça gira mais rápido do que os ponteiros, os pensamentos confusos, atropelados, engarrafados na minha mente..., olho de novo para o relógio e nem passou um minuto. Isso me atormenta, preciso esperar o dia todo e não há nada que eu possa fazer a não ser só esperar essa lentidão externa temporal e a frenética bagunça barulhenta do meu cérebro. Quero fugir disso tudo, já que preciso esperar, a fuga é dormir - melhor do que drogas - durmo para o tempo passar mais rápido e eu não sentir, não ficar esperando a toa com meu cérebro que não me deixa em paz: vários pensamentos confusos juntos e misturados.  Eu preciso descansar essa mente atordoada consigo mesma, a coitada não consegue se desligar, NUNCA!!! Sufocante viver desse jeito, pareço estar sempre correndo, fugindo de algo, sem chegar a lugar nenhum, é exaustivo!

 Você criou asas e partiu de casa pra bem longe dessa loucura toda, tá completamente certo, se eu ainda tivesse as minhas asas também voaria pra bem longe, hj ao contrário tenho uma corrente no pé que me prende aqui. Mas enquanto ainda tive asas te protegi embaixo delas para que crescesse saudável e enquanto me acorrentavam eu te estimulava a voar ao invés de colocar medo, como fizeram comigo. Com o tempo fui mutilada e perdi todas as minhas asas, a capacidade de voar e a minha liberdade, mas não importava mais a função tava cumprida, vc foi preservado e podia seguir seu destino, tenho orgulho de ti, muito orgulho. E eu fico aqui nessa casa de loucos, acorrentada pelo pé, será que algum dia fico livre da corrente? E se um dia ficar livre da corrente, mesmo sem as asas poderei ter um pouco de liberdade e independência e ao menos saltar pra longe daqui?

 A infância, para mim, tem um gosto... Amargo como de fel voltando pela garganta e queimando feito azia. De algo mal vivido, como se eu quisesse reviver tudo de forma diferente, se pudesse... arrependimento o nome né? Desde muito cedo, desde a minha lembrança mais remota: 4 ou 5 anos Eu não era autêntica, eu era o que os outros diziam que eu fosse e aceitava, acreditava sem questionar, simples marionete Eu não chorava, sempre engolia-o porque minha mãe uma vez reprovou, disse que se eu chorasse ia ter fama de chorona, desde então o engolipa e deixava as pessoas me machucar, pois não tem nada que assusta mais do que uma criança berrando, mas eu não chorava, eu engolia e me sentia mal e a pessoa continuava a me magoar porque eu só suportava... Não tenho orgulho da minha infância, tenho arrependimentos por não viver como queria.  Era apenas uma criança triste, carente e desesperada por aprovação de um adulto!

 Traumas passados invadindo conversas e situações atuais