Abusos Emocionais
O abuso emocional constitui nas violências verbal e psicológica convertendo-se no que se diz maus tratos. Este tipo de abuso caracteriza-se pela ausência ou inadequação de suporte afetivo e pelo não reconhecimento das necessidades emocionais do menor. Qualquer julgamento que paralisa ou humilha uma pessoa, mantendo-a presa ao passado, ao mesmo tempo em que o futuro só é visto através da perspectiva negativa do relacionamento abusivo: Os insultos verbais, a humilhação, a ridicularização, a desvalorização, a hostilização, a indiferença, a descriminação, as ameaças, a rejeição, a culpabilização, as críticas e o abandono temporário são apenas alguns exemplos da forma como o abuso emocional se manifesta.
Os relacionamentos abusivos são mais frequentes em familias disfuncionais e desorganizadas, são caracterizados por muito ciúme, negação da emoção, falta de intimidade, acessos de raiva, coerção sexual, infidelidade, ameaças, mentiras, promessas quebradas, jogos de poder e controle. Os abusadores são carentes e controladores e os relacionamentos abusivos pioram com o tempo se intensificando quando eles sentem que vão perder o parceiro ou quando o relacionamento acaba.
Quando a criança está exposta de uma forma sistemática a situações de violência, corre o risco de aceitá-la - tolerando com maior facilidade a agressividade e agindo mais freqüentemente desta forma, quer com os pares, quer com os adultos - uma vez que o abuso emocional funciona como uma ‘lavagem cerebral’ e a vítima aprende que tudo o que faz é errado, tudo é sua culpa, ela não sabe nem pode nada, deste jeito não pensa nem sente que o abuso é abuso, e vai se anestesiando em relação a ele. Por isto que o abuso emocional é muito difícil de ser reconhecido, até mesmo pela própria vítima, que muitas vezes confunde ações abusivas como realistas.
O abuso emocional deixa cicatrizes psicológicas profundas, destrói a autoconfiança e autoestima. Quando a criança vive rodeada pela violência, os riscos mais dramáticos são, talvez, a amputação do seu projeto de vida, o bloqueio do desenvolvimento das suas potencialidades enquanto pessoa e a perpetuação da violência de geração em geração. Originam problemas emocionais, cognitivos e comportamentais sérios nas crianças e adolescentes. Vários estudos demonstraram que crianças expostas a situações deste tipo apresentavam mais problemas de ajustamento, déficit ao nível da competência social, menor capacidade de resolução de problemas, agressividade e temperamento difícil e baixos níveis de realização acadêmica
http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=E5C7CBCB1AAF4DA2BF803DD09A9A5D51&channelid=0&schemaid=&opsel=2
http://pensarpararealizar.blogspot.com/2011/04/abuso-emocional-identifique.html
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No aspecto psicológico, considera-se, que existe uma situação de risco sempre que uma criança experimenta um sofrimento mental desproporcionado em relação às suas capacidades de suportá-lo (Dinis, 1993). Parece que a criança é, no contexto familiar, mais alvo de maus tratos, isto porque, pensa-se que algumas circunstâncias ou aspectos tornam-na mais vulnerável à vitimização, designadamente, o seu estado de dependência em relação ao adulto, a sua imaturidade, bem como seu menor estatuto físico (Figueiredo, 1998). Esta situação é geralmente reforçada por outros fatores, como o da criança apresentar comportamentos difíceis.
De certo modo, se por um lado, é a família que constrói a infância tal como ela é atualmente percebida, por outro lado, ela também é capaz de prejudicá-la e destruí-la. Várias investigações demonstram, que o fato, de alguns pais terem sido educados num clima familiar de violência e de insegurança, faz com que mais tarde, se tornem em pais mal-tratantes (Vesterdal, 1980), estabelecendo-se assim, um ciclo vicioso, que nos permite concluir que, não todos, mas grande parte dos adultos que hoje são pais mal-tratantes foram crianças maltratadas (Moura, 1992; Marinheiro e Dionísio, 1992). Citam como traços de caráter comuns a estes pais os seguintes: falta de confiança em si; muita fraca tolerância à frustração; solidão, imaturidade, dependência, ciúme; expectativas irrealistas acerca da criança; e a fé no valor de uma educação severa (Rodrigues cit in Expresso, 1983).
Burnett (1993 cit in. Figueiredo, 1998), identifica 10 situações que podem ser consideradas como Maus Tratos Psicológicos:
1) Limitar os movimentos,
2) Encorajar à delinquência,
3) Não possibilitar o crescimento social e emocional,
4) Exibir um comportamento imoral,
5) Humilhar em público,
6) Não providenciar um lar seguro,
7) Obrigar a realizar tarefas desagradáveis,
8) Recusar conduzir a tratamento psicológico quando necessário,
9) Punir fisicamente ou abandonar,
10) Agredir verbal e severamente a criança.
Segundo MC Gee e Wolfe (1991, cit in. Figueiredo, 1998) apresentam como exemplos:
Rejeitar (expressões ativas de rejeição),
Depreciar (atos depreciativos),
Aterrorizar (atos que causam medo e ansiedade extrema),
Isolar (atos que separam dos adultos),
Corromper (atos que são contrários à socialização),
Explorar (situações em que se retiram vantagens ou proveitos próprios),
Negar resposta emocional à criança (situações em que não são providenciados os cuidados necessários ao desenvolvimento).
Constata-se, que nestas famílias, o grau de disfunção é maior e os comportamentos violentos tendem a afeta negativamente as diferentes áreas do relacionamento familiar, provocando graves sequelas no desenvolvimento do indivíduo a nível intra e interpessoal. Pelo visto, a coexistência de maus-tratos dentro de uma família, provavelmente, conduzirá uma criança a ter dificuldades em encontrar, noutros elementos do agregado, a securização e o afeto que lhe permitiriam desenvolver modelos de relacionamento alternativos à violência (Machado, Gonçalves & Vila-Lobos, 2002).Em relação às consequências, é importante perceber que este tipo de comportamento abusivo e violento exercido por um adulto sobre uma criança pode atingir proporções gravíssimas, ao provocarem graves lesões ao nível do desenvolvimento. Perturbações da personalidade, comportamentos sociais de risco, baixa auto-estima, baixa expectativa pessoal e profissional, aumento da delinquência e da comunidade.
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