Transtorno de personalidade Borderline
O transtorno de personalidade borderline, (famoso TPB, ou, border ou mesmo - em português - transtorno de personalidade limítrofe - TPL) é uma patologia que permanece no limite entre a neurose e a psicose. O TPL é frequentemente confundido com depressão, transtorno afetivo bipolar ou algum tipo de psicopatia, porém no TPB o humor é muito reativo, dependendo sempre das circunstâncias
externas, tendo durações curtas (em segundos ou horas), enquanto que o
bipolar possui um humor independente do ambiente externo, tendo durações
maiores que o borderline (em um dia, semanas ou mais).
Pelo código do DSM-IV-TR: 301.83, define o TPL como: “um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos e acentuada impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos”. Um diagnóstico de TPL requer cinco dos nove critérios listados no DSM e que os mesmos estejam presentes por um significante período de tempo.
Pelo código do DSM-IV-TR: 301.83, define o TPL como: “um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos e acentuada impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos”. Um diagnóstico de TPL requer cinco dos nove critérios listados no DSM e que os mesmos estejam presentes por um significante período de tempo.
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Aqueles que sofrem do transtorno de personalidade borderline são indivíduos que afastam aqueles de quem mais precisam. São muito exigentes de atenção e são excessivamente manipuladoras, embora nunca o admitam pois muitas vezes o faz de forma inconsciente. Borderlines têm profundos traços de masoquismo e sadismo e, de forma geral, são como crianças em um corpo de adulto, não tolerando quaisquer limites. Quase nunca colocar limites nesses pacientes serve como uma atitude significativa, porque eles tendem a entender isto de forma errada, como uma atitude de rejeição. Os limites podem e devem ser colocados, mas com muita cautela, para que eles não se sintam ameaçados e maltratados. Muito imaturos emocionalmente, são pessoas que não têm necessidade, eles têm urgência. Não sabem adiar e não aguentam esperar. Suas recompensas devem ser sempre imediatas, não toleram frustrações e tendem a colocar a culpa sempre em outros por suas próprias falhas. Se, por acaso, suas necessidades são ignoradas, borderlines sentem-se profundamente irritados por não terem sido levados em conta. Isto provavelmente acontece porque borderlines geralmente foram crianças privadas de uma necessidade básica, possivelmente foram negligenciadas emocionalmente em alguma etapa de sua vida psíquica, o que, por sua vez, ocasionou marcas profundas e indeletáveis em sua personalidade. Tais marcas podem advir por conta de inúmeros eventos de caráter traumático, como, por exemplo, a separação dos pais, abusos sexuais na infância, violência física e até a perda precoce de um ente querido. Partindo desse pressuposto, pode-se dizer que o desenvolvimento emocional do borderline estacionou drasticamente, antes de alcançar a fase do pleno amadurecimento psicológico. Indivíduos borderlines podem ser pessoas que cresceram com um grande sentimento de não ter recebido atenção suficiente. Eles geralmente agem como crianças revoltadas, e buscam caminhos para procurar essa falta de atenção em suas relações; porém, esses caminhos são essencialmente imaturos e anormais. Os diferentes traumas na infância geram um sentimento crônico de vazio e rejeição, incorporando-se na personalidade borderline que é vivenciada como uma dor dilacerante. O borderline é extremamente intolerante às rejeições e outras frustrações comuns no cotidiano de todos. A dor pela falta de amor é intensamente sentida em indivíduos borderlines, o que pode estimular o processo auto e hetero destrutivo. Por isso, muitas vezes o borderline torna-se um indivíduo aparentemente rebelde e com um instinto vingativo contra os maus tratos passados. O borderline também é, essencialmente, insaciável. Em termos de busca de atenção, eles sempre querem mais do que realmente têm. Por mais que as pessoas lhe dêem atenção, eles estão a exigir muito mais do que recebem. Talvez porque quando crianças não tiveram sua necessidade de atenção e afeto suficientemente preenchida. Para o borderline, toda a atenção do mundo não é suficiente. Inclusive, eles tendem a ser "paranóicos", exigentes e desconfiados sempre de que os outros não lhe dão importância, mesmo que isso não seja a realidade. Eles, sem querer, distorcem-na, e acabam por tendenciar tudo para um lado "ruim" e enxergar somente o lado negativo ou das pessoas ou das situações com que se defrontam, acreditando, por exemplo, que as outras pessoas não lhe dão atenção, ou que de repente mudaram de comportamento e por isso são más, merecendo assim, punições e vinganças. Borderlines costumam ver e achar coisas inexistentes no comportamento de outras pessoas, o que causa sempre reações exageradas e tempestades emocionais. Uma "mudança" quase imperceptível no comportamento de uma pessoa aos olhos de outros, para o borderline é um enorme motivo para se desesperar e acreditar que a pessoa não gosta mais dele. Ninguém mais merece atenção a não ser ele. Caso contrário, ele perceberá qualquer simples atitude de distração ou enfado do próximo como rejeição, o que o fará dar início a uma série de comportamentos extremos que se traduzem em atitudes perigosas tanto para si quanto para os que estão ao seu redor, causando medo e espanto às outras pessoas. Os borderlines têm dificuldade em avaliar as consequências de seus atos e de aprender com a experiência e, então, erram e repetem o erro, nunca aprendendo.
Borderlines têm dificuldade em nutrir confiança em relação aos outros, por vezes são desconfiados e têm reações paranóides. Podem ter certeza que existem conspirações contra eles, que estão a enganá-los ou criticá-los, ou que estão querendo passá-lo para trás; em suma, para o borderline ninguém é digno de confiança e em momentos de grande estresses essas características tornam-se exacerbadas. O limítrofe costuma enxergar mentiras, traições e paranóias em lugares e pessoas nas quais, na realidade, não existem. Acreditam que as outras pessoas não são nada confiáveis e são especialmente maldosas. Eles acabam por mostrar emoções totalmente desproporcionais à realidade porque são pessoas excessivamente inseguras e com grande dificuldade em confiar no outro. Quando estabelecem um relacionamento mais íntimo, esse comportamento anormal fica exageradamente evidente. Em suas relações iniciais (exemplo: terapia), por causa da grande desconfiança que eles mantêm, as palavras com frequência não são usadas para comunicar ou exprimir sentimentos. O que existe são as manipulações, os testes, os controles etc. Eles tendem a defender-se de sentimentos, emoções e lembranças e facilmente testam suas relações através de manipulações. Parece que o borderline está sempre urdindo testes e manipulações, a fim de testar as outras pessoas, como elas reagirão a tais testes, lançando mão de estratégias como agressividade, brigas, chantagens, como para ver se elas o abandonarão por tais razões. Esses testes, então, são a forma de os limítrofes analisarem as pessoas ao seu redor e terem a certeza de que não há jeito de aparecer alguma ameaça de abandono por parte delas.
Limítrofes são pessoas com instabilidade emocional, ou seja, aquelas que não conseguem manter equilíbrio emocional em situações de tensão ou estresse. Elas frequentemente mudam de humor, emoções e conduta conforme o contexto que lhe for apresentado. Via de regra, têm baixa capacidade de julgamento e usualmente têm reações grosseiras, acompanhadas muitas vezes de ansiedade. Podem ser pessoas rebeldes ou totalmente tímidas. Essas pessoas podem confundir carência emocional com paixão. Transferem para relacionamentos amorosos a sua instabilidade emocional. Muitas vezes tornam-se os causadores de brigas excessivas, têm extremo sentimento de posse e profunda carência afetiva. Ele tende a acreditar que o outro parceiro tem de estar todo o tempo com ele, e têm a obrigação de não deixá-lo sozinho. Quando o parceiro tem de ir viajar ou quando cancela um encontro, facilmente o borderline se enfurece ou entra em pânico, pois sente-se facilmente rejeitado. Essa tendência do limítrofe se sentir facilmente ferido ou agredido (pequenos estressores são capazes de deixá-lo odiável) faz com que ele frequentemente entre em brigas ou confusões no ambiente intrafamiliar. Borderlines não têm controle de si mesmos, por isso facilmente demonstram irritabilidade e raiva em variadas situações triviais, e outras reações desproporcionais que vão desde a amargura, maus tratos ao próximo e grosseria até xingamentos e violência consumada. Entretanto, é interessante notar que, embora eles demonstrem esse comportamento rebelde em várias situações, em outras, podem, pelo contrário, exibir total controle. Portanto, são pessoas totalmente imprevisíveis. Em geral, tais conflitos são frutos de explosões em situações contornáveis aos olhos do observador, mas que o borderline não consegue evitar. Limítrofes são pessoas que passam seu tempo a tentar controlar mais ou menos emoções que elas não controlam realmente. São pessoas que, diga-se de passagem, têm duas vidas. Uma vida quando estão na sociedade e outra vida de comportamentos muito diferentes quando estão a sós. Sua capacidade de esconder o transtorno faz com que sejam vistos, superficialmente, como se não tivessem nada, entretanto suas vidas são sofríveis e um verdadeiro inferno. Pessoas com esse distúrbio, de maneira geral, são superficialmente adoráveis e simpáticos. Porém, com pessoas de sua grande intimidade (ex.: familiares) eles são vistos como irritantes, agressivos, mal-humorados, rebeldes. Tanto que o ambiente intrafamiliar é muitas vezes marcado por brigas e conflitos constantes. suas relações podem ser superficiais, assim, demonstram ser adoráveis, educados e simpáticos. Contudo, tais qualidades perdem a força conforme suas relações se tornam íntimas. Muitas vezes, superficialmente, pessoas que não conhecem profundamente o indivíduo borderline podem duvidar e não acreditar quando familiares, por exemplo, relatam o comportamento irritadiço e anormal que o paciente exibe.
O borderline, tipicamente, é intolerante às rejeições sentimentais. Isto quer dizer que qualquer movimento diferente da outra pessoa, percebido pelo borderline, significa que o outro não gosta mais dele, que não lhe quer mais, ou que irá abandoná-lo. Uma simples contrariedade partindo da pessoa por qual o borderline mantém um vínculo afetivo importante, é visto como um sinal de "não", frustração e abandono, mesmo que isto não seja verdade. Inclusive, o borderline costuma "ver coisas" onde, na realidade, não existem. Esse sentimento de rejeição é tão forte no indivíduo borderline que o faz ter uma crise emocional intensa por um motivo visto como "banal" e comum para os outros. O borderline é por si uma pessoa frágil e delicada, mas que, sem querer, demonstra o contrário. Ele agride por total desespero. Sua violência, geralmente, ocorre com mais frequência quando se sente rejeitado, incompreendido ou contrariado. Como é perceptível, o indivíduo com TPB tem muito medo de ser rejeitado por quem ama, mas a forma como demonstra esse medo é dissimulada: demonstra através da agressividade e raiva. Na realidade, eles não conseguem admitir esse medo e acabam por demonstrar toda a intolerância de abandono através do ódio, rebeldia, depressão, chantagens, manipulações e diversos comportamentos que trazem sérios riscos a si próprio e à outra pessoa. O paciente borderline para viver em paz precisa encontrar um objeto protetor que nunca o deixe. Para isso, eles testam tais "objetos" (as pessoas) para poderem acreditar nisso. Tais testes são manipulações, maus tratos, discussões etc. como forma de que isso atesta que, mesmo através de tais caminhos, o borderline nunca será abandonado. Obviamente, isto traz à tona a grande questão da tolerância das pessoas "alvo" do borderline, afinal, dificilmente as pessoas em sua volta têm tamanha paciência para tais manipulações. O limítrofe parece estar sempre insatisfeito e precisando de mais e mais porque sente um vazio irreparável, um nada, um buraco, uma frustração contínua. Exigem demais dos outros, mas nunca se satisfazem. O limítrofe é tão intolerável às frustrações que suas rupturas e decepções sentimentais sempre terminam em depressão profunda, conduta violenta, tentativas de suicídio ou autoagressão e, ocasionalmente, param no hospital ou até mesmo polícia. Eles têm intensos temores de se sentirem rejeitados ou abandonados, sendo que trazem consigo um sentimento de que sem o outro não podem dar continuidade à vida. Tais decepções amorosas são muito intensas, dolorosas e insuportáveis em borderlines. Eles sentem um intenso sentimento de vazio e um grande medo de fundir-se ou desaparecer. Entretanto, essas características típicas borderlines não são reveladas abertamente.
Borderlines sentem que estão sempre com um grande sentimento crônico de vazio. Tal sentimento constantemente os incomoda e eles tendem a achar sempre uma forma de preenchê-lo, mas descrevem que esse sentimento nunca desaparece. Borderlines sentem tudo com uma alta intensidade, sendo que para eles, tudo faz mal, tudo os agride e machuca. Não sabem se proteger, ou ao menos, acreditam não saber. Como o próprio borderline não tem uma identidade bem definida, obviamente, eles têm grande dificuldade em enxergar o outro, afinal, não consegue enxergar-se com precisão. Por causa dessa dificuldade em enxergar o outro, o borderline pode ser notavelmente difícil em ter amigos ou namorados, ou então, mantê-los. São pessoas que não têm uma noção clara de sua identidade. Na realidade, eles não têm uma identidade bem formada, assim, precisam do apoio de outra identidade, causando assim um grande medo à perda e rejeição de tal identidade cujo borderline o considere. A visão que eles têm de si mesmo se caracteriza por uma visão flutuante e pouco constante. Isso contribui para a grande instabilidade que circula em suas vidas. Quase sempre eles dizem não ter certeza de nada e não sabem o que são ou como é sua personalidade. Em um relacionamento íntimo, o borderline exige atenção exclusiva e constante, alguém forte que amenize seu vazio. Quando isso acontece, ele se sente confortável e tranquilo, contudo, teme o abandono do ser amado e o inferniza constantemente com medo de que isso realmente se concretize. No momento em que o borderline se vê incompreendido ou ameaçado pelo objeto amado, ele pode ter respostas agressivas. Isso geralmente surge em situações de cólera intensa ou misturada com explosões súbitas do humor depressivo, revelando gestos e comportamentos a fim de estabelecer um controle sobre o ambiente e as pessoas de tais situações, provocando no outro um sentimento de culpabilidade e remorso.
Pessoas com o transtorno oscilam sempre entre dois extremos: um comportamento adulto e um comportamento infantil; entre a crueldade e a bondade .A grande instabilidade entre os extremos cujos borderlines sofrem, sempre oscilando entre o "bom" e o "mau", conforme o presente imediato, deixando de lado o passado, situações remotas e diferentes. borderlines estão sempre no extremo e fazem análise extrema das situações externas. Eles passam facilmente do "eu te amo" para o "eu te odeio" e seu pensamento é sempre o branco ou preto, mas nunca o cinza. Suas opiniões em relação aos outros, são assim baseadas também, alternando drasticamente entre pessoas "maravilhosas" e pessoas "terríveis", por isso a frustração é frequente porque o portador do transtorno faz idealizações das pessoas e circunstâncias e estão sempre procurando o "perfeito" e ideal. Quando suas expectativas não são correspondidas, eles passam drasticamente do perfeito para o terrível. Os relacionamentos do borderline bem como comportamentos e sua personalidade em geral não são duradouros. É notável nesses indivíduos constante instabilidade nos seus relacionamentos. Eles podem demonstrar profundos sentimentos de apego e desapego fácil e ambivalente. Ao passo que se sentem sós, desejam muito a presença do outro, de repente, quando esta presença se concretiza, podem achar que estão muito próximos e invadindo sua privacidade. Suas opiniões e ideias são facilmente instáveis e contraditórias. Isso também acontece em relação à carreira profissional e sua orientação sexual. Por vezes, definem-se a si próprios como "inexistentes" pois não sabem quem são, do que gostam. Quando estão convictos de algo, de repente, vêem-se cercados por dúvidas contrárias novamente, por isso, a indecisão nessas pessoas é comum. De maneira geral, são pessoas que não conseguem ficar estáveis. Por isso, são intolerantes à monotonia e rotinas, facilmente contrariando regras, bem como desistindo ou desanimando facilmente de atividades rotineiras ou que exigem certa monotonia. Borderlines não têm persistência o bastante para continuar um projeto, tarefa ou objetivo. Eles tendem a iniciar, porém, dificilmente terminam. Enjoam, desanimam ou desgostam facilmente. Por isso, a vida do limítrofe é uma instabilidade contínua, sejam em seus projetos, relacionamentos, preferências ou comportamentos. O borderline não é capaz de se ligar por muito tempo a coisa alguma que não seja, de fato, algo de seu total interesse. Por isso também dificilmente mantêm um relacionamento por muito tempo, um objetivo constante, um gosto ou preferência interna estável. Na realidade, a inconstância é a palavra chave da vida do borderline.
A impulsividade no borderline sempre está relacionada à desesperança, falta de apoio, intensa sensação de rejeição e vazio, o que leva, no desespero, por atos impulsivos autodestrutivos. Tais atitudes impulsivas podem ser vistas por inúmeras formas e são tidas como triplo sentido: ao tempo que significam desespero, depressão e dor emocional atenuada com a dor física, a automutilação pode ser uma forma de conseguir atenção, bem como culpar pessoas à sua volta, em momentos de raiva. Alguns atos autodestrutivos usados por borderlines pode ser: cortar-se, queimar, arranhar, bater-se, cutucar-se, roer unhas, além de abusar de medicamentos, expor-se a acidentes e situações perigosas, não se importar com sua saúde expondo-se a doenças. Pode ocorrer também abuso de substâncias psicoativas, café, ingestão de doces em exagero, dirigir imprudentemente, dormir em excesso e praticar sexo inseguro. Gastar dinheiro sem controle, comer compulsivamente, roubar utensílios de pouco valor monetário (cleptomania) entre outros comportamentos prejudiciais a si próprio também podem ocorrer. Engajam-se em tais atitudes para se libertarem de sentimentos crônicos de vazio, mas causam grande arrependimento após cumprir essas ações.
Esses pacientes apresentam comumente um quadro conhecido como despersonalização ou desrealização. Nesta ocasião, o borderline — geralmente após algum evento que causa angústia e frustração — pode sentir-se como irreal, inexistente. Quando estão numa crise de despersonalização, o indivíduo é tomado por sensações gravemente perturbadoras como ter a sensação de que o mundo em sua volta não é real — nem eles próprios — e de que tudo parece um sonho. Podem sentir-se anestesiados, como se estivessem a ver suas próprias vidas num filme — ou seja, do lado de fora. Também podem sentir-se fora de seus corpos sendo que esta sensação de irrealidade é tão conturbada que, muitas vezes, os levam a cometer atitudes "automáticas" impulsivamente.
Como se adquire esse transtorno?
A causa é provavelmente multifatorial, com ênfase em fatores como:
- acima de tudo, a pessoa deve haver uma predisposição biológica e genética, que pode classificá-la em supersensível aos fatores externos;
- entretanto, para que o distúrbio se desenvolva é preciso que na infância esta pessoa seja vítima de acontecimentos contrários ao seu desenvolvimento normal: isso pode ser desde acontecimentos graves como abuso emocional, físico ou sexual, negligência aos cuidados físicos e emocional de seus filhos, falha em dar a proteção necessária, separação parental, perda de um ente importante, ambiente familiar onde a criança não pôde aprender a se construir, a pensar por ela mesma, a exprimir suas emoções e sentimentos, suas cóleras e suas necessidades. Pais (de ambos os sexos) foram tipicamente reportados como tendo negado a validade dos pensamentos e sentimentos de seus filhos, de se retirarem emocionalmente em algum momento e terem tratado a criança inconsistentemente. Além de acontecimentos estressantes durante a adolescência: alguns dos casos, a forma de negligência não se dá somente na infância, pessoas que sofrem instabilidade durante a fase de formação, como na adolescência, também são propensas a apresentar os sintomas de TPL. Pessoas que sofreram bullying e humilhações frequentes na infância ou adolescência.
- é comum o borderline ter alguém da família (por exemplo, um dos pais) com algum outro distúrbio psiquiátrico, desde uma leve distimia, depressão, ansiedade, distúrbio afetivo bipolar do humor, ou até mesmo um distúrbio de personalidade também. Isto faz pensar que a predisposição genética ou até mesmo hereditária pode ser um grande fator desencadeante (mas não único).
- as famílias de pacientes borderline têm como características mães intrusivas e dominadoras e pais distantes, sendo que as relações conjugais são predominantemente conflitivas.
Os sintomas aparecem durante a adolescência e se concretizam nos primeiros anos da fase adulta (em torno dos 20 anos), persistindo geralmente por toda a vida. Frequentemente, na etapa inicial (ex.: começo da adolescência, por volta dos 12 anos de idade) da eclosão dos sintomas do transtorno de personalidade limítrofe, sintomas como má adaptação social, baixo rendimento escolar e comportamentos anormais são comuns. Há também déficit na regulação dos afetos, agressividade, conflitos no ambiente familiar, tentativas de suicídio e depressão grave. Como os sintomas tornam-se perceptíveis principalmente na adolescência, a família dessas pessoas costuma supor que a rebeldia, a impulsividade, o descontrole emocional, a instabilidade e a diferente percepção de valores são típicas da idade, não fazendo ideia de que estão diante de um distúrbio grave. A etapa secundária, no fim da adolescência ou início da idade adulta (na faixa dos 18 aos 21 anos), todos os sintomas propriamente ditos ficam evidentes, tendo seu auge por volta dos 25 anos de idade, causando grande prejuízo. O distúrbio também fica muito mais evidente quando o doente encontra-se apaixonado ou num relacionamento sentimental, uma vez que o transtorno de personalidade borderline pode se classificado como um grande vilão das relações íntimas. Contudo, é sábio que o transtorno tende a ser atenuado conforme a idade, sobretudo próximo dos 40 anos de idade.
Psicoterapia e medicamentos
A psicoterapia é indispensável e emergencial. Envolvimento com drogas, comportamentos de risco, imprevisibilidade, problemas na vida sexual, tentativas de suicídio e suicídio consumado são possíveis resultados sem os devidos cuidados e terapia. Frequentemente precisam estar medicadas com algum tipo de psicotrópico (como antidepressivos e estabilizante de humor) para evitar um descontrole emocional intenso. A medicação tem mais como função tratar as comorbidades, como ansiedade e depressão, do que o transtorno por si. Antidepressivos são usados para melhorar o sentimento de vazio e antipsicóticos são usados para diminuir os quadros de automutilação e os sintomas dissociativos.
Terapias individuais simples podem, por si mesmas, melhorar a auto-estima e mobilizar as forças existentes nos borderlines. Terapias específicas podem envolver sessões durante muitos meses ou, no caso de transtornos de personalidade, muitos anos. Terapia de grupo pode ajudar a potencializar as habilidades interpessoais e a autoconsciência nos afetados pelo TPB.
Exemplos comuns de terapias indicadas aos limítrofes incluem:
- Terapia comportamental dialética: Estabelecida nos anos 1990, a terapia comportamental dialética se tornou uma forma de tratamento do TPB, originada principalmente como uma intervenção para pacientes com comportamento suicida. Essa forma de psicoterapia deriva da terapia cognitivo-comportamental e enfatiza a troca e negociação entre o terapeuta e o cliente, entre o racional e o emocional, e entre a aceitação e a mudança. O tratamento tem como alvo os problemas com a automutilação. O aprendizado de novas habilidades é um componente principal, incluindo consciência, eficácia interpessoal, cooperação adaptativa com decepções e crises; e na correta identificação e regulação de reações emocionais.
- Terapia de esquemas: Outra forma de terapia que também se estabeleceu nos anos 1990 e tem como base uma aproximação integrativa derivada de técnicas cognitivas-comportamentais juntamente com relações objetais e técnicas da gestalt. Esta terapia se direciona aos mais profundos aspectos da emoção, personalidade e esquemas (modos fundamentais de relacionamento com o mundo). A terapia também foca o relacionamento com o terapeuta (incluindo um processo de quase paternidade), vida diária fora da terapia, e experiências traumáticas na infância.
- Terapia cognitivo-comportamental: A TCC é o tratamento psicológico mais usado em doenças mentais, mas parece ter menos sucesso no TPB, devido parcialmente às dificuldades no desenvolvimento de uma relação terapêutica e aderência à terapia. Um estudo recente descobriu que resultados com essa terapia aparecem, em média, depois de 16 sessões ao longo de um ano.
- Terapia matrimonial ou familiar: Terapia matrimonial pode ajudar na estabilização da relação matrimonial e na redução dos conflitos matrimoniais que podem piorar os sintomas do TPB. Terapia familiar pode ajudar a educar os membros da família acerca do TPB, melhorar a comunicação familiar, e prover suporte aos membros da família ao lidar com a doença de seus amados
- Estima-se que 2% da população sofra desse transtorno, com mulheres sendo mais diagnosticadas do que homens.
- Em adolescentes, tem-se observado os mesmos sintomas em adultos. Em particular, as crianças numa fase dita "pré-TPB" são mais agressivas, perturbadoras e antissociais.
- Com alta probabilidade, muito provavelmente o paciente também sofrerá, simultaneamente, de outros transtornos de personalidade, incluindo aqueles cujo diagnóstico diferencial é necessário para distingui-los. Diz-se que, neste caso, há comorbidades.
- Filhos de pais (de ambos o gêneros) com TPL têm cinco vezes mais chances de também desenvolver o Transtorno de Personalidade Limítrofe ou o Transtorno de Personalidade Anti-Social (Sociopatia).
- Homens com TPB têm mais problemas com abuso de substâncias como álcool e drogas, e comorbidade narcisista, esquizotípica e antissocial.
- As mulheres, pelo contrário, são mais propensas a sofrer estresse pós traumático, transtornos alimentares e problemas na identidade.
- Mulheres com TPB são mais propensas a sofrer de transtornos de ansiedade, histeria e transtorno de personalidade histriônica. Além disso, têm maiores taxas de depressão, ansiedade, obsessão, compulsões e manias que prejudicam o desempenho de tarefas. Da mesma forma, as mulheres estavam em pior situação em termos de funções emocionais, sociais e de saúde mental do que os homens.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_de_personalidade_lim%C3%ADtrofe
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