A luneta mágica*

Não tenho nenhum problema de vista, mas meu cérebro não enxerga muito bem: Tenho hipermetropia cerebral, enxergo as coisas distorcidas, como se tivesse uma lente embaçada bem na frente e, por isso, sou insegura nos passos que dou. A insegurança é tamanha que congelo, e não quero sair do lugar.

As lentes são feitas de paranóia, neurose, medo e negatividade. Não adianta você me dar conselhos, se não seguir no mesmo caminho que eu! Se não andar junto ao meu lado, seus conselhos serão vazios como a sua credibilidade.

Quando me afasto, enxergo com mais clareza, consigo colocar as coisas nos seus devidos lugares aos quais os borrões tomavam formas, a segurança volta e ri da paranóia que criei.

Quando vejo de perto, tudo se confunde num borrão colorido e não sei se o próximo passo será na boca do leão, na boca de lobo ou na calçada. Ando devagar, quase parando, pra não me arriscar muito, pois a paranóia me cega subitamente!!

Ainda bem que tenho algumas lunetas mágicas que, não somente me ajudam a enxergar melhor, mas me ajudam a enxergar a verdade, esses são meus amigos, psicologo,  pessoas queridas que querem meu bem!

Então vivo com esta deficiência e convivo com o diferente do normal; nunca estarei inserida, mas sim sempre a margem da civilização.




*Inspirado no livro "A luneta mágica" de Joaquim Manuel de Macedo de 1869

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