A volta pra casa

Quando eu fuji, aos 15 anos, esperava que fosse como nos filmes ou, ao menos, um pouco parecido.

Eu esperava que minha mãe finalmente me escutasse e tentasse entender meu lado, achei que ao me desculpar ela responderia da mesma maneira desculpando-se por nunca ter me entendido.

 Mas óbvio que não foi nem seria desta forma. Ela ficou horas a fio fingindo prestar atenção ao que eu falava, só fingindo mesmo, eu até percebia a displicência pelo tom de voz, falei a toa, minha mãe só queria era que a polícia me encontrasse.

Quando, finalmente a encontro, meu pai diz: "peça desculpas pra sua mãe". Foi o pedido mais esquisito, fui obrigada a falar, nem sabia mesmo se era eu quem deveria pedir desculpas e a resposta foi pior ainda: com ar de autoridade minha mãe recebe as desculpas, naquele pedestal hierarquizado que ela construiu pra si mesma.

Mal eu sabia é que aquela atitude denunciava que nada tinha mudado, minha fuga tinha sido em vão, as minhas desculpas, em vão e a dela simplesmente não existia, "em vazio". Talvez minha vida tenha até piorado, afinal aquela que abusa não deixa barato um ato como esse

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