Brincar de "boneca" é coisa séria, filho não é brinquedo
Minha mãe - como uma eterna criança que não deixa de ser - achava, e ainda acha, que ter um filho e brinca de boneca são as mesmas coisas. Filha é para se vestir fofa e se comportar como princesa.
Por perceber a vulnerabilidade, a inocência e a dependência da criança que acredita e confia piamente nela, seu complexo de inferioridade é mascarado por uma falsa segurança em si mesmo, recheado de autoritarismo. Testando em jogos psicológicos o poder entregue em suas mãos sem utilizar a responsabilidade. Ensinando ilusões impraticáveis de um sonho de conto de fadas - já que a criança acredita e confia em tudo que o adulto diz (ainda mais numa mãe) - dificultando, assim, a vida deste ser indefeso, não preparando-a para a realidade seca da vida - sem contos de fadas - e tendo esta que aprender posteriormente (sozinha, amargamente, duramente) que tudo o que lhe foi ensinado era uma mera ilusão de uma cabeça doentia, de outra criança - só que com o corpo de adulto.

E quanto mais a criança cresce e aprende a ir desatando os laços que a amarrava na mãe perturbada...

- "E agora? Quem irá acreditar nela? Nos desvaneios de sua mente, na mentira que até ela acabou acreditando?"
E nasce uma ira por perder este controle descontrolado e começa a culpar a filha por todas as desavenças, discussões, brigas, intrigas, falta de paz... no lar. Só porque a filha esta criando independência no pensar, só porque agora a filha não tem a mesma opinião que a mãe (opinião esta manipulada que a fazia acreditar não ter escolha, não ter capacidade de raciocinar sozinha). E a mãe diz o quanto sente falta da época em que era uma boa filha - que se interpreta na época em que se era totalmente manipulável, na época em que EU era o brinquedinho sádico dela, na época em que EU era a sua marionete.
E a filha lembra de sua infância de forma tão insossa - sem alegria - na verdade, nem saberia dizer, na época, o que era alegria, pois esta quem ditava era a mãe. Sem opiniões, sem auto confiança, sem auto estima, sem saber se tinha o direito de ter opinião por ser jovem demais, criança demais, indefesa demais... e não ter "vivido" ainda pra saber sobre algo (quase como se nem fosse um ser humano ainda), pra se ter opinião de algo...
E não consegue entender como alguém poderia sentir falta de uma época
onde não se é humano, onde não se sente humano e a frase: "saudade da
minha infância pois eu era feliz e não sabia", não me faz o menor
sentindo, preferindo esta vida: cheia de brigas, intrigas, acusações...
MAS COM CONSCIÊNCIA DE QUEM É, DOS SEUS LIMITES E O RESPEITO E AMOR PRÓPRIO QUE NÃO LHE FOI ENSINADO E SIM CONQUISTADO!
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