O banho

"Depois de um bom tempo,  a garota decide tomar um banho, para se lavar, se livrar das impurezas que a incomoda. Então tira a roupa e se sente nua, não pela nudez em si, mas sim pela exposição do corpo, há tempos que não se olha no espelho daquele jeito: frágil, vulnerável, entregue, exposta para si mesma!


Femme Nue Devant sa Glace (Mulher Nua Defronte a seu Espelho, 1897)  pintor francês Toulouse-Lautrec 


 

Abre o chuveiro e, juntamente com as gotas d’água deixa rolar as lágrimas, ali ela se sente segura - somente quando as lágrimas se confundem com as gotas do chuveiro - para se desabafar, desabar, chorar...

Ela deixa a água lavar seu corpo, sua alma e sua mente – tanta coisa suja, dirty, precisando ser lavada! – ela esfrega o sabão com tanta força, como se quisesse arrancar a imundice que sente.


Então coloca a cabeça debaixo do chuveiro e se entrega: deixa a água acariciar seus cabelos, massageando seu pescoço e ombros tensos – faz tempo que ela não sabe o que é ser acariciada, precisava ser tocada, mas por enquanto a água morna serve e as lágrimas continuam a se confundir com a água que escorre do chuveiro.


Ao final, sente-se mais relaxada, sonolenta, pelo menos serviu para lhe garantir uma noite de sono, pois ainda sente-se imunda por dentro e isto não a deixa descansar."





escrito dia 05/03/11

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