Prazer

A tentação chega assim como uma necessidade biológica comum: com imagens, sensações e lembranças na mente... Ela Recua, procura não pensar mas a tentação puxa, a vontade é mais forte. Então quando não consegue mais resistir se rende: Olhando aquele objeto na mão pensa se é aquilo mesmo que quer e a mente atenta: "só um pouquinho, só desta vez, só para aliviar a tensão". Então, posiciona o objeto na mão adequadamente enquanto na outra ele desliza e, a medida que passa, a vontade de pressionar mais um pouco para ver quão fundo consegue chegar faz com que a dor se transforme em prazer e a cada vez dá um passo a frente colocando um pouco mais de força, pressionando um pouco mais para um momento de "prazer", sentindo arder a cada toque, cortando a carne lentamente os olhos se fecham, a boca entreabre e a cabeça arqueia de prazer se concentrando na profunda sensação e, por um instante, se distancia do mundo ao redor até espairecer e somente sentir. A cabeça volta, os olhos se abrem e ver brotar o sangue, mas ainda não foi suficiente, quer mais, então lava com alcool pingando de gota em gota na abertura que sangra, neste momento se perde na sensação que afloresce: na estimulante intensidade convulsional da mensagem transmitida ao cérebro, chega a se entregar de olhos fechados como num gozo de dor transportando-a para outra dimensão, tirando-a da realidade por alguns segundos - que parecem infinitos - ficando ali parada aproveitando a sensação que, no momento que passa, se dá conta do que fez e o arrependimento aparece.  Vai se limpar, lavando com água e sabão, que arde com menos intensidade, analisando sem o sangue, percebe que desta vez foi mais longe que da última e fica o desgaste de ter que esconder as marcas por um bom tempo até desaparecer todos os sintomas por completo, sentindo a dor provocada pelo objeto, o ardor e a coceira. Para, quem sabe, talvez, voltar a fazer tudo de novo quando novamente atentada!