O Veneno

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"Engulo seco aquilo que me faz mal, que deveria expor, que deveria vomitar colocando para fora as palavras de ódio, rancor, cansaço, exaustão... mas não, elas entram, engulo a força deixando o gosto amargo na boca, queimando a garganta e indo parar no estômago provocando azia, dor...


O veneno começa a surtir efeito: vomito o que não deveria e o que deveria permanece a me fazer mal. Um mal estar surge: os dentes range de raiva aprisionando as palavras que deveriam ter saído; o corpo sente, se contorce; a mão agarra com toda força; a urticaria causa ferida; a ferida arde, doe, coça e fica roxa - dizem que marcas roxas na pele é sintoma de problema de coração.


Um coração envenenado que doe a cada batida como se um punhal atravessasse o peito; este mesmo coração ao  bombear o sangue leva consigo o veneno que transita por todo o corpo - passa pelo pulmão dificultando a respiração que fica ofegante e sufocante - até chegar ao cérebro e enchê-lo de pensamentos podres, neuroses, palavras e situações inexistentes que nunca deveria habitar uma mente. Esta se confunde: não sabe mais o que foi real e o que foi apenas um sonho, ou pesadelo, não sabe para quem disse e o que disse e se realmente disse - confusão mental, mais um sintoma do veneno engolido, será que o próximo é a convulsão? Nunca se sabe, o que espero é que os sintomas passem e o corpo vença esta batalha travada consigo mesmo e limpe-o de si mesmo, do veneno que me envenena!"

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